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Apenas 32% dos homens fazem exame de toque

Postado em janeiro 11, 2010

Atendimento médico A grande maioria dos homens brasileiros (76%) afirma ter conhecimento sobre o exame de toque retal para detectar o câncer da próstata, mas apenas 32% já o fizeram. Já o exame sanguíneo da dosagem de PSA já foi realizado por 47% dos homens, mesmo sendo o conhecimento por tal exame de 54% dos homens brasileiros. Estes são alguns dos dados apontados na pesquisa inédita do Datafolha “Saúde masculina: o homem e o câncer de próstata”, encomendada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com o apoio da AstraZeneca, e divulgada no Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata  (17/11). O levantamento foi feito com 1.061 homens com idades entre 40 e 70 anos, de 10 capitais brasileiras (Belo Horizonte, Belém, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo) e Distrito Federal, no período de 2 a 7 de outubro de 2009.

O objetivo da pesquisa foi investigar o nível de conhecimento masculino e percepções sobre o câncer de próstata. A margem de erro máxima é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. O levantamento apontou que 56% dos homens já fizeram algum dos exames preventivos do tumor da próstata. “Esse levantamento nos mostra que os homens preferem fazer o exame de sangue ao de toque. Mas é preciso ressaltar que os dois são complementares no diagnóstico do câncer de próstata e um não substitui o outro. Em até 20% dos casos, o exame de sangue pode ser normal em uma pessoa com câncer”, alerta o presidente da SBU, José Carlos de Almeida.

De acordo com a pesquisa, 99% dos homens já ouviram falar sobre o câncer de próstata, porém 39% desconhecem os sintomas da doença – que são apresentados apenas em estágio avançado. Entre os sintomas apontados, maior parcela (49%) citou problemas na bexiga (dificuldade e dor para urinar e urgência para ir ao banheiro). Mas cerca de 10% citaram sintomas que não estão relacionados ao câncer de próstata, como dor abdominal, na virilha e nas costas, náuseas, vômito, além de dor no reto, dificuldade e sangramento para evacuar e coceira no ânus. “Enumerar sintomas que não estão relacionados à doença nos faz perceber que os homens acreditam saber sobre o câncer de próstata, mas na realidade não sabem. Há muitos que ainda confundem as funções de um proctologista com a de um urologista e procuram o primeiro de maneira equivocada para diagnosticar a doença”, explica Almeida.

A pesquisa do Datafolha mostra ainda que quanto mais escolarizado e de classe econômica mais alta, maior é o cuidado com a saúde: 79% dos homens com nível universitário já foram ao urologista, enquanto 46% dos que têm ensino fundamental foram ao especialista. Homens das capitais do Sudeste são os que mais vão ao urologista (62%), enquanto os das capitais do Norte, os que menos vão (36%).

Cerca de 74% dos homens entrevistados das classes D/E nunca fizeram exame de PSA para detectar o câncer de próstata, já sobre o exame de toque o índice sobe para 84%. Enquanto isso, 60% dos homens das classes A/B já fizeram o exame de PSA, mas apenas 42% realizaram o exame de toque. Enquanto a maioria dos homens que fez exames de PSA reside nas capitais da região Sul (55%) e Sudeste (52%), a maior parcela dos que fizeram o exame de toque (43%) está nas capitais da região Centro-Oeste. “Esses dados nos mostram que é preciso criar um projeto específico para informar as classes menos favorecidas sobre a prevenção à doença e também quebrar o tabu em torno do exame de toque É um exame simples, indolor e rápido”, afirma o coordenador de campanhas públicas da SBU, Aguinaldo Nardi.

Preconceito é maior que o medo
Outro dado interessante na pesquisa aponta que o preconceito é maior que o medo de realizar o exame de toque: 77% concordam totalmente que “os homens não fazem exame de toque retal por preconceito” contra 54% que percebem que “os homens têm medo do exame”. Mas quando questionados sobre a não realização de exames, apenas 8% admitem preconceito em relação ao toque, enquanto 13% afirmam descuido, preguiça, relaxo e falta de tempo, e 15% alegam falta de sintomas. “Nossa sociedade é machista e a Sociedade Brasileira de Urologia tem tentado quebrar esse preconceito sobre o exame de toque com campanhas públicas de esclarecimento. Precisamos alertar que o câncer de próstata tem cura quando descoberto em estágio inicial, ou seja, ainda sem sintomas. Esperar o aparecimento de sintomas para procurar auxílio médico é um erro que pode custar a vida”, diz Nardi.

Dos homens que integram as classes D/E, 38% desconhecem os exames que detectam câncer de próstata. Por outro lado, 93% das pessoas da classe A/B conhecem algum exame de diagnóstico do tumor de próstata. Em todas as capitais o nível de conhecimento dos exames preventivos ficou em torno de 80%. Ao serem questionados sobre os tratamentos para a doença, constatou-se que 77% dos homens das classes D/E desconhecem, nas classes A/B o desconhecimento é de 45%.

Televisão é a principal fonte de informação em saúde
A pesquisa mostrou ainda que a principal fonte de informação sobre a saúde é a TV (50%), principalmente a TV aberta, enquanto 29% buscam informações com médicos em postos de saúde e 28% em jornal impresso. Nas capitais do Norte do país a TV tem um papel ainda mais preponderante. Por lá, 78% se informam, sobretudo, pela TV e apenas 6% procuram se informar por orientação médica. A região que mais procura orientação médica é a Sudeste com 36%.
Na opinião de maior parcela dos entrevistados (48%), uma ação que motivaria os homens a procurar um médico para prevenir e tratar o câncer de próstata seria comunicação na mídia, por meio de propagandas e campanhas de mobilização.

Enquanto a mídia tem um papel comunicador, a família e os amigos desempenham o papel de influenciadores: 80% acreditam que os homens vão ao médico por insistência de parentes e amigos. Para os entrevistados, a esposa ou a companheira (66%) é a que mais influencia na procura por um médico para prevenir e tratar o câncer de próstata.
Dos entrevistados, 64% não possuem planos de saúde contra 36%. Metade pratica exercícios físicos, sendo a caminhada a mais comum (27%).