Há pelo menos oito anos venho alertando sobre a gravidade da Dengue. Pouco se fez e ela vem ganhando a guerra e, para piorar, junta-se uma nova vilã: a Chikungunya. Se sozinha já era forte, imagina agora. Continuei alertando das doenças e consegui mais adeptos nessa guerra, começamos a entender um pouco da estratégia do vírus da dengue e chikungunya, nossos inimigos em comum.
O Governo Federal não deu muita importância a este “mosquitinho”, deixando aos estados e municípios a responsabilidade desta batalha com parcos recursos da união. Para piorar mais ainda, o nosso inimigo vem com uma infantaria de elite com técnicas especializadas que até o momento pouco conhecemos e com sequelas graves: É o chamado zikav (zika vírus).
Para se ter uma ideia o Governo Federal não soube de forma eficiente gastar os recursos planejados para a saúde. Em 2015 foi devolvido aos cofres do Tesouro Nacional R$ 15 bilhões. A dotação inicial era de R$ 121 bilhões e apenas foram utilizados R$ 106 bilhões ou seja somente 88% do que estava orçado foi gasto.
De acordo com dados informados pelo SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira) e analisados pelo ONG Contas Abertas, desde 2003 o Ministério da Saúde deixou de aplicar no SUS um valor maior que R$ 136,7 bilhões. O resultado, consequentemente, é a precariedade na área de saúde pública voltada à população por conta da incapacidade da aplicação deste orçamento.
Entre 2003 e 2015 foram aplicados praticamente metade (R$ 38,2 bilhões) do que estava previsto em investimentos (infraestrutura) na saúde, ou seja a cada R$ 10 previstos, R$ 6 ficavam pelo caminho. Na comparação entre 2013 e 2015 houve redução de 60% no repasse para o controle do mosquito Aedes Aegypti destinado aos municípios, aumentando assim o recorde no total de casos e óbito por dengue neste período e intensificação dos problemas tais como: chikungunya e zicavirose (microcefalopatia e síndromes por danos fetais provocados ao tubo neuronal durante a gestação).
O momento em que vivemos nada mais é do que a falta de planejamento/execução do Governo Federal em fazer políticas para o combate ao mosquito, problemas estes refletidos e sentido na pele hoje em dia pela população.
Há décadas caminhamos com ineficiência geral na área da saúde pública sendo ela subfinanciada, e os recursos destinados são mal aplicados, e a evolução do Executivo Federal nas suas tarefas básicas que lhe são conferidas pouco se avançou nesses anos. Que o diga Millôr Fernandes, em seu livro de 1978 – Que País é este? Ainda bastante atual apesar de suas quase 4 décadas.
Dr. Sandro Roberto Hoici
Médico Urologista e Vereador